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03/01/2019

Boas perfomances nas provas valorizam cavalo brasileiro de hipismo

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O empresário paulistano Djalma Luiz Rodrigues fabrica equipamentos médicos de ajuda a bebês prematuros. “A responsabilidade é imensa. Além de carinho, aprimoramos a cada dia nossos produtos em busca de qualidade”, diz. Djalma tem 79 anos de idade e é também um dos mais premiados criadores de cavalo brasileiro de hipismo (BH), raça nascida no país e usada em esportes hípicos como salto e adestramento. O foco da seleção está na qualidade.

No Haras 3K, propriedade de Djalma, localizado em Piracaia (SP), a criação espelha a direção dada nas duas últimas décadas ao cavalo atleta formado a partir de raças das mais representativas linhagens europeias, oriundas de países onde as competições hípicas são seculares, entre eles França e Alemanha (este país aprimora os cavalos há 500 anos).

“O BH ganhou qualidade e seu crescimento foi acelerado nas pistas brasileiras e internacionais. Vários exemplares da raça participaram, com performances positivas, de edições dos Jogos Olímpicos”, afirma Luiz Antonio Rocco, diretor técnico da Associação Brasileira de Criadores do Cavalo de Hipismo (ABCCH), sediada em São Paulo.

Segundo Luiz Antonio, somar qualidade é a meta principal da seleção no Brasil, e não o aumento numérico e sem controle do plantel. Ele observa, porém, que tanto o número de cavalos registrados como o de criadores têm crescido. “Em 2003, a associação tinha 90 sócios ativos. Hoje, eles são 372”, informa. Já a quantidade de cavalos registrados a cada ano foi de 1.200, em 2010, caiu para menos de 800, nos últimos anos, por conta da crise, e deve ultrapassar o volume de oito anos atrás em 2019, aposta. No total, a entidade já registrou 30 mil exemplares.

Djalma Rodrigues é o vencedor das exposições nacionais do BH nos anos de 2016 e 2017. Ele tem um método “infalível” para aprimorar o padrão de seus animais. Há anos, Djalma emprega uma letra do alfabeto – começou com A – para traduzir a evolução dos seus craques. A proposta é não passar para a letra seguinte caso não sejam suplantadas todas as exigências de evolução genética, bem-estar, manejo, entre outras. “Viramos o calendário sem problemas. Hoje, estamos na letra H da segunda volta do abecedário”, comemora.

Djalma cria há 40 anos. São 48 animais e a quantidade de fêmeas é bem maior. Ele conta que a questão do bem-estar dos cavalos desembarcou para ficar definitivamente nos haras brasileiros. No 3K, por exemplo, os potros crescem em liberdade e vão para a doma humanitária aos 3 anos. Só então recebem o ginete para o início da vida esportiva.

Uma informação importante: Djalma e Luiz Antonio informam que a atenção está toda concentrada na genética e no desempenho da linha baixa. “As fêmeas transmitem 75% de suas características aos produtos”, eles explicam, Por sinal, ambos afirmam que o “o grande salto” de qualidade dos últimos anos foi por conta das importações de éguas de sucesso da Europa. “Dificilmente houve erro e essas fêmeas foram fundamentais para a melhoria dos animais aqui no Brasil”, diz Luiz Antonio.

As linhagens europeias de salto e adestramento que formaram o brasileiro de hipismo são hanoveriana, holsteiner, trakehner, westfalen e sela-francês. No Brasil, elas foram cruzadas com exemplares de puro-sangue inglês criados na América do Sul.

A Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo de Hipismo foi fundada em 1977. A raça está espalhada por todo o país, principalmente São Paulo, Estado que concentra o maior plantel e que promove um grande número de provas com premiações animadoras.

Foi um empresário paulista um dos principais responsáveis pela fundação da associação e seu primeiro presidente. “Ênio Monte é um dos idealizadores do cavalo BH”, afirma Luiz Antonio.

O nome de Ênio Monte está inscrito na história do BH. Isso é reconhecido pelos próprios criadores. Engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, em 1951, e perto de completar 90 anos de idade, ele foi um dos líderes de um grupo de amantes do hipismo responsável pelos cruzamentos de garanhões de diversas raças europeias, principalmente da Alemanha, com éguas nacionais, como manga-larga, campolina, andaluz. Foi a puro-sangue inglês, no entanto, a primeira a ser usada.

Ênio Monte viajou também por Portugal, Espanha e França atrás de cavalos de linhagens comprovadas nos esportes em seus países de origem. Vasculhou ainda a Argentina e do vizinho trouxe dois garanhões e cinco éguas anglo-argentinas para cruzamento no Brasil.
“Desde jovem gostei de montar e inclusive fui campeão brasileiro de salto em 1947/1948”, lembra. A partir daí, ele resolveu selecionar cavalos para hipismo.

Segundo a ABCCH, o desempenho nos Jogos Olímpicos e nos Jogos Pan-Americanos está permitindo reconhecimento internacional ao cavalo. A raça foi ao topo das premiações com as medalhas de bronze alcançadas nas Olímpiadas de Atlanta (EUA), em 1996, e Sidney (Austrália), em 2000. Esteve presente ainda no time que levantou três medalhas de ouro por equipe em jogos pan-americanos. “O BH tem a funcionalidade olímpica”, ressalta Luiz Antonio Rocco.

Internamente, as provas de salto com participação do BH estão aumentando e as premiações incentivam os concorrentes. “Há finais de semana em que pelo menos três ou quatro provas são realizadas somente em São Paulo. Outras regiões também as promovem e pagam bons prêmios”, diz Luiz Antonio.

No último mês, na Sociedade Hípica Paulista, na capital, pelo menos 600 cavalos BH participaram de julgamentos, leilões e provas de salto, Estas últimas distribuíram R$ 150 mil em prêmios.


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